Vale do Lima, um território projeto...

O vale do rio Lima estende-se de oeste para leste, perpendicularmente à costa atlântica, apresentando um fundo largo, em grande parte da sua extensão, com várzeas extensas e muito irrigadas, que se vão fechando para montante, à medida que as altitudes sobem, na área de montanha, a leste, no interior do Parque Nacional da Peneda Gerês. O vale do Lima é uma bacia fechada, facto que lhe confere uma forte homogeneidade e identidade que historicamente se foi enraizando nas populações.

O desenvolvimento das infra-estruturas de transporte, dominadas por dois eixos viários longitudinais, de penetração no vale, paralelos ao rio, em ambas as margens, contribuiu para que a vida social e económica do vale do Lima se fosse desenvolvendo de forma centrada no próprio vale. Só muito recentemente, em 1998 a construção da auto-estrada Porto-Valença, com dois nós no vale do Lima, a norte e a sul de Ponte de Lima, veio introduzir no vale, uma ligação ao exterior, de circulação rápida, no sentido norte-sul, perpendicular aos eixos existentes e à configuração do próprio vale.

O vale do Lima manteve-se, até á actualidade, uma área rural, embora cada vez menos agrícola. Ainda que com algum potencial económico, a verdade é que perante a concorrência de outras áreas agrícolas do exterior, a agricultura do vale do Lima foi entrando num declínio inexurável, ao qual se associou um declínio demográfico, com a saída de populações e o envelhecimento dos residentes, não se tendo até ao final dos anos oitenta verificado alternativas de desenvolvimento capazes de contrariar as tendências de periferização social e económica instaladas. A agricultura foi deixando de ocupar um lugar de peso na base económica da área, cada vez mais fragilizada e sem alternativas de crescimento noutros domínios.

A grande coerência interna em termos naturais do vale do Lima contribuiu fortemente para o desenvolvimento de uma identidade cultural e social da zona de intervenção, dominada pela presença, valorização e preservação de um património cultural diversificado que o LEADER viria a explorar e potenciar enquanto recurso endógeno estratégico.